Se você nunca pensou no assunto ou tem algum receio sobre o procedimento, esse post é para você. Vamos simplificar esse bicho de sete cabeças: a vasectomia nada mais é que um método de esterilização masculina. Feita através de cirurgia, a vasectomia interrompe o transporte dos espermatozóides produzidos pelos testículos até as vesículas seminais. O procedimento tem se tornado popular como método contraceptivo, pois faz com os homens tornem-se inférteis, ou seja, sem a capacidade de reprodução.
O que muda no seu corpo? Dói? Como funciona?
Tudo isso vou explicar aqui! Fiz uma lista de perguntas que mais recebo no consultório sobre o assunto e que acho importante dividir com todos os pacientes em dúvida. Confira:
Como é feita a Vasectomia?
Considerada uma cirurgia de pequeno porte, a vasectomia é feita com anestesia local, e pode ser realizada em hospital ou clínica, pelo médico urologista. Normalmente também é feita uma sedação (anestesia) para o paciente dormir e ficar mais confortável durante o procedimento. Identificam-se os pequenos ductos que transportam os espermatozóides, logo abaixo da pele na bolsa testicular. A partir disso, com uma pequena incisão de cada lado da bolsa, os ductos deferentes são cortados e amarrados por fios de sutura. Apenas isso!
Como é a recuperação da cirurgia?
Em geral é bem tranquila, já que o procedimento é considerado simples. No entanto, o corte feito pode provocar inflamação, deixando o escroto mais sensível, o que pode dar uma sensação dolorosa nos primeiros dias. Quando isso acontece, é por pouco tempo, e com apenas três dias após a cirurgia o homem já pode voltar a realizar quase todas as suas atividades diárias, como dirigir. A maior restrição é quanto a relações sexuais e esforços físicos, que devem iniciar somente uma semana após o procedimento para fins de cicatrização.
Em quanto tempo posso me considerar estéril?
O procedimento, apesar de trazer grande eficácia impedindo os espermatozóides de chegar ao sêmen, não resguarda os espermatozóides que possivelmente já estavam armazenados nas vesículas seminais de fertilizar a parceira. Em média são necessárias até 20 ejaculações para eliminar todos os espermatozóides restantes. Por isso é necessário prevenir a gravidez com algum método contraceptivo por três meses após a vasectomia. Após esse período, realizamos o exame de espermograma em que verificamos a contagem de espermatozoides no sêmen. Uma vez inexistindo espermatozóides viáveis no exame, liberamos para ter relação sexual sem risco de engravidar.
Nunca mais vou produzir esperma?
Vai sim! Uma coisa não tem nada a ver com a outra, e acredito que isso confunde muito os homens. O esperma é constituído por outros fluidos e líquidos, produzidos na próstata e na vesícula seminal. Estes fluidos seguem sendo produzidos e liberados normalmente. Porém, sem os espermatozoides, não existe a reprodução, simples assim.
Vou ficar com impotência ou sentir diferença na atividade sexual?
Estes são outros mitos que são necessários esclarecer. O risco de impotência é quase nulo, porque a cirurgia não afeta os testículos ou nervos responsáveis pela ereção. O maior problema está na ansiedade pós-cirúrgica, que aí sim pode dificultar a ereção, portanto, não é uma sensação física, e sim, mental. O prazer não é alterado de qualquer forma, porque a vasectomia não causa alterações sensoriais no pênis. Além disso, a produção de testosterona (o hormônio responsável pela libido) continua normalmente. Portanto, nada muda!
A partir de que idade posso fazer o procedimento?
Por se tratar de uma questão de planejamento familiar, a Vasectomia é regulamentada por lei e pode ser feita em qualquer homem com mais de 25 anos ou, pelo menos, com dois filhos vivos. Ou seja, mesmo que você não tenha filhos e tenha decidido não tê-los, o procedimento pode ser realizado sem problemas.
Se eu me arrepender, posso reverter?
O procedimento de reversão de vasectomia existe, porém é importante dizer que a taxa de sucesso não é tão boa. A indicação depende de alguns fatores como a idade, o tempo passado da cirurgia de vasectomia e as condições gerais da saúde do paciente. Por isso, antes de realizar a vasectomia, tenha plena certeza de que não quer ter mais filhos para não se arrepender no futuro.
Bom, agora que você já sabe as respostas das principais questões, pode considerar essa opção como um contraceptivo seguro, claro, desde que siga se protegendo contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Caso você tenha mais alguma dúvida, pode marcar uma consulta com o urologista, o importante é se sentir seguro na sua decisão!
Sobre o Dr. Rafael Malta
Médico formado pela Universidade UNIDERP-ANHANGUERA com Residência médica em Urologia no Hospital do Servidor Público Municipal de SP (2013-2015) e Observership em Urologia – Cirurgia Robótica em Detroit (EUA). Membro do corpo clínico dos hospitais Samaritano, Beneficência Portuguesa e Oswaldo Cruz e Professor da Universidade de Medicina Nove de Julho (UNINOVE) desde 2017. Atendimento em São Paulo-SP. Mais informações, clique aqui.
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